Diário de bordo 9

16 dez / 16 6 : 41 h

Quando se ama o que faz…

“Sou feliz porque faço o que gosto. Amo o que faço. E faria tudo outra vez se preciso fosse. Com os mesmos erros, pois deles sou o melhor produto”. Uma frase de Ucho Haadad que realmente me descreve. Penso que todos nós que trabalhamos em prol da preservação da fauna brasileira tem que ter como critério o amor pela profissão. Nesse momento vivemos com valores alterados, a busca pelo consumo e consequentemente a desvalorização dessa área de atuação. Para sobreviver neste mercado de trabalho tem que no mínimo amar, mas amar muito!

Muito mais importante do que o sucesso naquilo que se faz é a felicidade de poder ter feito e assim caminhamos na nossa jornada rumo à conservação da nossa fauna. Estamos perdendo grande parte dos nossos biomas pela perda de habitat, por extração de madeira, monoculturas e pela pecuária. Os ecossistemas encontram-se bastante alterados com a substituição de espécies vegetais nativas por cultivos e pastagens. O desmatamento e as queimadas são ainda práticas comuns no preparo da terra para a agropecuária que, além de destruir a cobertura vegetal, prejudica a manutenção de populações da fauna, a qualidade da água, e o equilíbrio do clima e do solo. E temos que trabalhar duro para refrear o quase irrefreável.

Por isso, sempre pensei em fazer aquilo que estava dentro da minha alma sem pensar nos louros que lucraria com essas ações. Recentemente percebi que não estou só nessa jornada, no amor pelo ideal, de paixão pela causa, de verdade nos sentimentos. Recentemente em uma expedição em busca do tatu-bola, conheci uma equipe motivada a fazer a diferença, equipe que buscava conhecer cada detalhe do local percorrido, buscando pistas para entender uma forma de preservar aquele ambiente, equipe que transformava a dor e o cansaço em força para prosseguir e terminar o que foi solicitado. Sentia que eram todos felizes por cada vista nova alcançada no topo de uma montanha, felizes por cada brisa de ar fresco que sentiam, por verem de perto um tatu-bola capturado. Isso só é possível pelo amor, amor incondicional a profissão.

Alexandre, Devian, Samuel, Cristiano e Rubens, muito obrigado por me fazer novamente sentir esse carinho e amor pela profissão. Foi um presente inenarrável estar com vocês nesta expedição e sentir que fazer o que se gosta não tem preço!